quinta-feira, 6 de outubro de 2011

História da Jasmin

1- Diário novo
Me chamo Jasmin, tenho 15 anos, estou no primeiro ano e sou totalmente independente, por incrível que pareça. Nasci no dia 2 de novembro de 1994, sou muito sortuda, bem, pelo menos sempre fui! A partir de hoje, dia que te comprei, sempre andarei contigo e te contarei tudo que acontece na minha vida! Tenho um poder especial, na verdade dois, que comecei a ter desde pequena. O primeiro é poder mover as coisas com o poder da minha mente, o outro é conseguir me transportar para os sonhos das pessoas e interferir neles. Para falar verdade, não faço a mínima ideia de como consegui isso, mas eu gosto muito! Como moro sozinha, tenho muito tempo livre, assim, vivo na praia, mas continuo com essa pele com cor de papel! Sou ruiva, tenho olhos verdes folha-seca, tenho um corpo normal, e tenho 1,75 de altura. Curto músicas internacionais de tudo quanto é gênero, em especial o pop-rock. Amanhã tenho uma excursão na escola, e estou super empolgada. É a excursão de abertura, no primeiro dia de aula, um passeio! Até amanhã.

2- Morte
Eu estava andando numa praça perto da minha casa à noite, de repente senti uma fincada nas costas, dei um grunhido, tentei gritar, só vi tudo escurecer e eu cair. Acordei meio zonza, levantei e saí andando, já devia ser de madrugada, quando olhei para trás vi um grupo de pessoas fazendo um círculo, cheguei mais perto, enquanto me aproximava ouvia as pessoas dizendo que uma garota havia sido baleada, torci para ela estar bem. Quando cheguei perto eu vi uma pele pálida, branca como papel, e quando finalmente vi seu rosto eu congelei, era exatamente igual a mim, com os mesmos acessórios e roupas. Meu Deus! Não é possível, eu... eu estava ali mas também estou aqui! Tentei falar com alguém, apenas me ignoravam, como se eu não estivesse ali falando com eles. Chegou uma ambulância, entrei lá dentro, um para-médico foi medir o pulso, ficou pálido, disse, com voz trêmula:
__ Ela está... sem pulso!
Eu só gritei:
__ O quê?!?
Apaguei, acordei com um carinha mais ou menos da minha idade, lindo, olhando para mim:
__ Ah, finalmente, Bela Adormecida, já se foram 8 horas!
Eu dormi? Foi um sonho?
__ Venha, venha, o velório está quase começando, não faz ideia do tanto de gente que foi ver você!
Ah, não foi um sonho, eu morri? E ele, quem é?
__ Ah é, esqueci de me apresentar, Erick, prazer, seu comensal e servo na morte.
Eu ri de leve:
__ Servo? O que eu fiz pra isso?
Ele piscou para mim:
__ Oh, nada, apenas fez por merecer e precisa de auxílio. Sem mais papo. O velório está no fim!
Corremos para a capela, quanta gente aos prantos! Nunca pensei ser tão querida. Pais, primos, amigos e... cadê meu namorado?

3
John? John? Aonde você foi? Perguntei para o Erick:
_ Onde... o John está?
Ele disse, frio:
__ Com a Priscila, a amante dele.
Bem, eu morri, estou no meu velório e agora me vem com a notícia de que eu era traída e o cretino nem no meu velório vem? Erick me tranquilizou:
__ Melhor você saber não é? Antes tarde do que nunca!
Ele fez uma cara de "me lembrei de algo":
__ Ah querida! Esqueci de avisar, se quiser você ainda tem a chance de viver.
Eu não acreditei nele:
__ Acorda Erick, eu já estou apodrecendo! Daqui a pouco serei carbonizada.
Ele tampou minha boca:
__ Sem problemas, você que demore o quanto quiser! Vai querer ou não?
Nem hesitei:
__ Lógico!
Ele começou a explicar:
__ Bem, é um pouco demorado e complicado, mas você deve conseguir. Basta você ajudar todo mundo, quando esta garrafa - ele me entregou uma garrafa de cristal que mais parecia um jarro - se encher até a boca você volta ok?
Não entendi, apenas concordei. Fim de velório e lá foram as pessoas ao cemitério, tinha uma parte onde nós budistas queimamos nossos entes queridos, para lá me levaram. Notei que Erick colocou em baixo das minhas mãos (mortas) uma bolinha de vidro presa a um fio, uma espécie de joia. Na frente de todos me jogaram naquela espécie de fogão onde me vi virara pó. Com uns 20 minutos me tiraram, eu notei que aquela joia ainda estava lá, intacta, fiquei quieta. Me colocaram na urna.

4
Meus pais levaram a urna para casa e a colocaram num pedestal na sala de estar. John realmente não foi. Voltei ao cemitério, já era noite. Vi uma menininha de cabeça baixa. abaixada com cara triste, senti pena, me aproximei pensando que não seria vista, ela de repente me olhou nos olhos, que susto! Ela parecia bem viva, mas quis confirmar:
__ Você... tá viva?
Olhando para baixo ela me respondeu:
__ Eu sim, eles que não.
Apontou para dois túmulos bem simples. Eu supus que eram seus pais. Perguntei o que havia acontecido, ela hesitou um pouco, mas logo disse:
__ Estávamos no carro, de repente um cara mandou nós sairmos, me pediu para observar, ele pegou um taco de metal de golfe e foi batendo na cabeça de meus pais dizendo que se resistissem ele faria o mesmo comigo. Ele só parou quando os rostos deles estavam completamente desfigurados, chorei baixinho.
Não aguentei e abracei-a, não podia acreditar que uma criança tão novinha tinha visto algo tão pesado. Alguém estava chegando, corremos e nos escondemos num lugar onde é possível ver tudo, quando olhei para ela, ela estava em prantos. Sem eu perguntar me disse que o homem que chegava era o assassino. Ele ria e balbuciava algumas coisas na frente dos túmulos. Num momento de fúria, saí do esconderijo, me aproximei, fiz minha mão atravessar o peito dele e apertei seu coração com todas as minhas forças. Ele só deu um último suspiro, ficou branco e caiu duro no chão.

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