História da Ayumi

1- Início

Desde pequena sonho com umas pessoas com as quais nunca vi, converso com elas, já cheguei a pensar que era apenas a minha imaginação, mas com 15 anos, morando num lugar novo, eu não posso ignorar os fatos.

Prazer, me chamo Ayumi Tsukamoto nasci em Tóquio, no Japão. Sou de uma família tradicional, vivi quase toda minha vida com meus pais, mas quando completei 13 anos eles decidiram que eu teria que criar responsabilidade e compraram uma casa com uma governanta onde eu moraria só com ela. Devo confessar que o começo foi muito difícil, mas logo me acostumei e tudo ficou bem. Eu ia para escola, estudava, ela cuidava da casa, era quase que uma mãe para mim.

No fim do ano passado, quando completei 15 anos meus pais disseram que eu devia conhecer outras culturas, aprender outras línguas, e me deram opções de países onde eu poderia morar e estudar por no mínimo 2 anos. Entre eles estavam: o óbvio Estados Unidos, que era muito clichê para mim, Canadá, frio demais, África, eu iria morrer torrada, Inglaterra, não gosto das pessoas de lá (já conversei com algumas via chats) e Brasil. No fim, escolhi esse país pois o clima é mais ameno, as pessoas mais sensíveis. Janet, minha governanta e amiga veio comigo e cuidará de tudo assim como fazia no Japão.

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Fiquei ansiosa para fazer amigos, ir a festas, conhecer a cidade. Belo Horizonte é uma cidade incrível, não me arrependerei de ter escolhido essa capital. Motivo? Queria uma capital mais tranqüila e segura, com bons colégios e pessoas.

No primeiro dia de aula fiquei sabendo dos famosos contos paranormais, vampiros, lobisomens, espíritos malignos... Sinceramente, não acredito em nada disso, que falta de criatividade inventar essas coisas só para assustar os novatos.

Naquela noite, um sujeitinho que nunca tinha visto, veio visitar meus sonhos, ele tinha aparência de brasileiro, engraçado, nunca tinha visto um deles em meus sonhos. Ele disse algo sobre acreditar nos contos, que eu ignorei. Mas como é a minha imaginação, eu nem liguei.

No segundo dia me contaram sobre um certo lobisomem que aparece na noite de lua cheia, clássica, e que procura novatos. Por favor né? Isso não me mete medo não!

À noite resolvi sentir a cidade, passeei numa praça deserta, escutei uivados, logo conclui: cães. Até parece que o lobisomem dos novatos ia me atacar. Encontrei um homem sentado num banco, com cabeça baixa, ar de tristeza. Eu amigável, fui perguntar o que havia de errado, ele respondeu:

__ Eu, o que há de errado sou eu! PORQUE, PORQUE ISSO OCORRE COMIGO?!?

Seu grito repentino me fez sentir arrepios, fechei os olhos por um instante e perguntei o que tinha de tão errado com ele.

__ Eu sou anormal, inventam histórias sobre mim... Aberração, é isso que pensam de mim, se eles soubessem...

Soubessem...? Do que? De que? Ma-mas... não entendo mais nada, pedi para ele ser mais claro.

__ Eu sou o lobisomem dos novatos... Veteranos malditos, eu fico consciente quando me transformo, eles têm medo de minha aparência e nem tentam dialogar.

Eu tentei consolá-lo, pensei que ele apenas estava tendo um momento de delírio, mas era noite de lua cheia, e ele ainda era homem! Quando a lua ficou no meio do céu, eu já havia perdido a hora, ele se levantou, deu um grito de dor, fechei os olhos, quando abri, senti o mundo desfalecer! Era tudo verdade, mas como pode ser?

__ Por favor, não tenha medo, eu não te machucarei!

Eu acalmei meus nervos, cheguei perto toquei seu rosto delicadamente, ele retribuiu com um sorriso. Medo, foi-se.

3- Lobisomem

Curiosidade mata, juro! Um dia vou pagar caro por ser tão curiosa. Toquei o rosto do sujeito sem ao menos saber seu nome, o que eu tenho de errado? Eu perguntei, ainda meio sem graça.

__ Kennie, e o seu?

__ Ayumi, você é daqui?

__ Não, sou americano, moro aqui faz 5 anos, você é de fora também?

__ Sou do Japão, esse é o meu primeiro ano aqui. Você estuda?

__ Comecei o segundo ano, naquele colégio perto daqui, estuda lá?

__ Sim, também estou no segundo, não havia te notado, sou do 2-A e você?

__ Estou na sua sala, vi algo de diferente em ti...

O tempo realmente voa quando nos divertimos, estou encantada! Que lobisomem simpático, e cá entre nós: gato! É óbvio que não estou interessada nele, mas não nego que ele é bem atraente, ele deve fazer muito sucesso com as garotas. Passei três horas conversando com ele, sorte que era sexta-feira, ficamos amigos. Ele é muito gentil, e ofereceu me acompanhar até em casa (sem segundas intenções né?) só por segurança. Nos despedimos, fui escrever no diário e logo dormi.

Quando cheguei na aula sentei ao lado dele, sempre é bom sentar perto de pessoas amigas. Ao contrário do que pensei ele não fazia sucesso, não a ponto das garotas suspirarem por aí, nem tem muitos amigos, na verdade acho que todos eles já se formaram e aqueles que ele tinha voltaram para os EUA. No intervalo, criei coragem, perguntei se ele sabia de outros lobisomens, ou "aberrações".

__ Eu não devia dizer isso, mas eu confio em você, nem sei porque. Todos os mitos existem: sereias, vampiros, bruxas, pessoas invisíveis, espíritos malignos e bons. Eu conheço alguns, se você quiser ser apresentada.

Eu hesitei, no fim aceitei, não sabia o que fazer, dizer, perguntar. Ai meu Deus!

4- Apresentações

Devo confessar que sempre tive um certo medo de coisas fora do normal, e, como hoje depois da aula irei junto de Kennie conhecer as outras "aberrações" estou quase surtando! Na verdade, eu acho que nem há como fugir, uma hora ou outra eu teria de conhecer os amigos do meu primeiro amigo nesse novo país.

Último horário, nem acredito que a aula passou tão rápido e que logo irei conhecer vampiros e outros bichos! Pára relógio, pára de andar!!

Quando o sinal tocou Kennie disse:

__ Eu combinei com eles de encontrar-nos na praça, lá é o nosso "ponto".

Saímos juntos e depois de 5 minutos chegamos à praça e eu apenas vi apenas 5 adolescentes com aparência completamente normais. Pelo visto é praticamente impossível identificar pelo físico se a pessoa é ou não anormal...

__ Lisa! Quanto tempo!

__ Kenninho! Qual o motivo de querer encontrar a gente depois de tanto tempo?

__ Queria apresentar a vocês minha nova amiga, ela se chama Ayumi, veio do Japão e este é o primeiro ano dela aqui!

Todos eles responderam em coro:

__ Bem vinda!!

__ Ela foi a única pessoa exceto vocês que foi gentil comigo em noite de lua cheia...

Uma garota alta, loira e extremamente magra veio mais perto de mim e disse:

__ Olá, me chamo Lisa. Não sei se Kennie andou fofocando sobre nós... devo dizer qual minha especialidade?

"Especialidade"?

__ Err... Claro!

__ Bem, eu sou arcanja. Não sou anja como muitos dizem, anjos ficam no céu junto com Deus e quase nunca vivem entre humanos. Já os arcanjos vivem e nascem no mundo. Eu posso voar com minhas asas e sou muito habilidosa com arco e flecha. Tenho arco e flecha e o uso para me proteger e proteger aqueles que amo das "pessoas" perigosas. Se eu usar uma técnica especial posso retirar o poder de algum ser, mesmo ele sendo outro arcanjo.

Eu apenas sorri, nunca imaginei encontrar uma anja enquanto viva. Um homem com penetrantes olhos verdes, pele extremamente branca, alto, charmoso, de olhar penetrante, cabelo negro se aproximou. Ai meu Deus! Que homem é esse?!?

__ Prazer - disse ele beijando minha mão - me chamo Darien. Sou um vampiro.

Ele se limitou a dizer isso, ele sabe que vampiros são algo comuns na ficção e não precisam de nenhuma explicação. Sinceramente, se ele quiser me morder... pode vir! Uma outra mulher, baixinha, cabelo preto e curto se aproximou, ela tem rosto de criança.

__ Sou Amy, sou uma sereiana. Ao contrário dos contos de fadas não sou uma sereia, eu posso andar e viver normalmente entre os humanos e posso usar minha cauda só quando desejo. Este é o meu irmão, Andy, ele é um sereiano também.

Ela disse isso puxando o garoto alto para perto, ele possuía uma beleza normal e era meio calado. Ele não disse nada. Por último outra garota, mas essa era diferente de todas as outras: era linda, cabelos castanhos, olhos negros, corpo perfeito e um olhar malicioso que chegou a me intimidar.

__ Meu nome é Lizandra, a irmã gêmea daquela "anjinha" ali. Ao contrário dela sou uma demoníaca, eu também uso arco e flecha, mas eu transformo seres humanos normais em qualquer ser especial que eu quiser.

Para falar a verdade, elas não se parecem nada, uma é loira, traços finos, já a outra é morena e traços marcantes. Lisa usa roupas de tons claros, Lizandra usa vermelho escuro, chegando a ser quase um marrom e preto. Não fui muito com a cara dessa tal de Lizandra não, ela parece ser muito esnobe... Kennie começou a falar novamente:

__ Feitas as apresentações acho que devemos ir para casa, certo Ayumi?

__ Uhum...

Quando cheguei em casa eu estava meio confusa, conheci cinco pessoas que como meu amigo Kennie tem poderes especiais e vivem "normalmente" entre os seres humanos... Será que eu corro algum perigo andando com eles?

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Quando cheguei em casa Janet perguntou onde eu estava e porque demorei tanto. Eu disse que estava com meus amigos e ela apenas calou-se. Peguei uma mania brasileira: escrever em um diário, comecei contando de tudo que vi e descobri e me senti incrivelmente aliviada e relaxada.

Janet é muito protetora e ficou preocupada só porque eu fiquei duas horas a mais na escola, mas eu estou precisando sair e relaxar, pedi a ela que me deixasse sair e ela não se importou, apenas pediu que eu voltasse cedo.

Me arrumei, peguei minha bolsa e fui à um barzinho muito charmoso perto de casa. Tomei um suco de maracujá e relaxei completamente, fiquei observando as pessoas e o modo que elas são felizes com pequenas coisas e refleti sobre isso por um momento.

Quando decidi voltar pra casa eu quis dar uma voltinha naquela praça que conheci o Kennie... Estava bem escuro e não tinha lua, algumas luzes estavam queimadas ou piscando o que deu ao lugar um ar sombrio que me deixou arrepiada. Comecei a andar olhando para o chão e observando as sombras das coisas quando vi algo estranho, parecia um humano com asas, esfreguei os olhos e garanti a mim mesma que estava delirando. Parei de olhar pro chão e comecei a andar olhando apenas para frente quando de repente senti uma forte fincada no meio das minhas costas, depois disso eu apenas acordei na minha cama.

6- Dor de Cabeça

Acordei com uma dor de cabeça anormal e muito confusa sobre como eu fui parar na minha cama e ainda usando meu pijama. Como era sábado resolvi ligar pro Kennie e convidá-lo para conhecer minha casa.

Kennie é um amor de pessoa e logo conquistou a confiança e admiração da minha segunda mãe Janet. Pedi que fossemos ao meu quarto, quando cheguei lá contei tudo que aconteceu na minha saída à noite.

__ Hmm... Agora nós temos um probleminha...

__ Hã? Problema? Me explica isso direito Kennie.

__ Você simplesmente foi vítima de um demôniaco Ayumi.

Eu gelei, como poderia imaginar que do nada um demôniaco iria me atacar?

__ Mas Kennie, eu desmaiei e acordei na minha cama... Foi ele que me trouxe?

__ Sim, eles tem mania de fazer isso... Atacam a pessoa e a levam para casa, assim ela pensa que era tudo um sonho e se torna um ser monstruoso. Se você não soubesse que foi atacada você simplesmente perderia seus sentidos quando for se transformar.

__ E tem como eu saber em que e quando vou me transformar?

__ É impossível, mas esse demoníaco errou feio: você já tem um poder, talvez não lhe aconteça nada... Mas eu não sei o que mais pode te acontecer... Vou ligar pro Darien, apesar de ser um vampiro ele sabe quase tudo sobre os demoníacos.

Ele pegou o celular e em cinco minutos Darien já estava tocando a campainha. Janet quase caiu ao ver uma pessoa tão bela e sedutora o que me fez rir baixinho. Eu disse que ele também era meu amigo e o levei ao meu quarto. Kennie contou tudo e ficou esperando a reação do Darien.

__ Isso é bem raro, mas acontece. Se nada te acontecer em ahmmm 18 horas fique tranquila... Mas você pode ter algum tipo de expansão de poder ou até ganhar um novo. Na hora da transformação você sentirá uma vertigem e desmaiará novamente, então recomendo que fique em casa e de preferência longe de humanos comuns.

Ele parecia preocupado e pela primeira vez me olhou nos olhos, um olhar tão profundo que tive que virar o rosto.

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Ficamos conversando durante mais uns 10 minutos e eles foram embora.

Sentei na janela e fiquei olhando o movimento das pessoas. "O que vai acontecer comigo se eu me transformar? Vou continuar tendo uma vida normal?". Não encontrei nenhuma resposta aceitável e decidi dormir para o tempo passar mais rápido.

Eram 3 da manhã quando acordei, nada de diferente, olhei no espelho e apenas encontrei a minha face inchada. Fui à cozinha e tomei um iogurte, voltei a domir.

Quando acordei as 6 da manhã não havia nada de errado comigo, apenas me arrumei e corri para escola, queria ver com Darien se eu estava livre.

Ao chegar na escola o encontrei na porta, como se estivesse esperando por mim e disse:

__ Nada! Simplesmente nada de diferente! Isso é bom?!?

__ Olha Ayumi, eu tenho quase certeza de que nada vai acontecer já que já se passaram mais de 24 horas.

Apenas sorrimos, como é bom saber que minha vida continua a mesma!

Lizandra chega e se agarra a Darien, que nem ligou muito e disse:

__ Fiquei sabendo que foi furada por um demoníaco... E aí virou o que?

__ Nada, por incrível que pareça. Não sinto nada de diferente.

__ Deve ser por causa de você já ter algum poder...

Ela me pareceu decepcionada, eu apenas ignorei. Não muito depois Lisa chega e olha bem pra mim dizendo:

__ Nada de anormal! Parece que estou livre de ter de curá-la.

Ela riu e eu retribui. Mas, cadê o Kennie?

8- Noite Fatídica

A semana passou muito rápido e nada mudou... O Kennie passou um pouco mal no dia em que a Lizandra estava estranha e deu uma passada no hospital (sem me avisar, claro).

Sexta à noite estava alimentando minha nova mania de escreve em diários quando do nada sinto uma dor nas costas insuportável, saio da janela, não faço nenhum som... Caí no chão, apaguei...

Quando tudo aconteceu eram umas 7 horas e estava começando a noite, acordei devia ser de madrugada, quando abri os olhos e vejo minha cama pequena, o-o que acontece-ceu?

Olhei pra cima e vi o teto sob os meus olhos, Santo Buda!!

Do nada eu caio com tudo no chão... Isso dói... Olho para as minhas costas que estavam doendo antes e vejo um par de asas parecidas com asas de pássaro com tom de caramelo... N-Ã-O A-C-R-E-D-I-T-O! Corri e peguei o celular, liguei para o Kennie:

__ Ahmm, alô?

__ Kennie é a Ayumi...

__ Nossa Ayumi o que aconteceu? Tá super tarde.

__ Kennie, aconteceu uma coisa estranha, me encontre na pracinha daqui dez minutos por favor...

__ Tá bom, vou tentar chegar o mais rápido possível.

Troco de roupa rapidamente e saio correndo pelas ruas. Chegando lá me escondo perto de uma árvore gigantesca, bem na frente no nosso "banco de encontro". Ao avistá-lo eu digo:

__ Kennie...

Olhei para baixo.

__ Meu Deus! Ayumi! Você... É uma demoníaca ou o que?

__ Não sei ainda, mas como isso aconteceu? Já se passaram 7 dias!

__ É... Nunca tinha visto isso acontecer... Vou chamar a Lizandra, ela pode confirmar se você é ou não uma demoníaca.

9- Inacreditável

Em 3 inacreditáveis minutos Lizandra chega voando...

__ O que vocês querem hein?

__ Acho que a Ayumi virou uma demoníaca...

__ Sério?!?

__ Sim, mas queria que você confirmasse.

Ela tirou seu arco e me entregou junto com uma flecha.

__ Quero que você acerte a lâmpada daquele poste lá do fim.

Mas, como isso vai provar algo? Simplesmente deixei esse pensamento para mim e tentei acertar. Resultado: fracasso total.

__ Demoníaca que ela num é... Deve ser uma mutação.

Ela pega o celular.

__ Madame Lô? Tudo bem? Eu queria levar uma pessoa aí agora, posso? Tá ok então. Tchau. Vamos gente, Ayumi, use suas asas.

__ Mas eu tenho medo.

__ Não importa, se acontecer algo eu te seguro.

Tá certo que eu não confio na Lizandra, mas eu não tinha escolha, eu tinha que saber o que havia comigo. Ela segurou Kennie e o levou junto.

Chegamos numa casinha onde entramos e encontramos uma senhora que me parecia ser uma mera cigana.

__ Boa madrugada. O que desejam?

__ Queria saber em que essa garota se transformou.

Como a mulher poderia saber isso? E de onde Lizandra a conhecia?

__ Me dê sua mão, minha jovem.

Eu levei a minha mão, ela a segurou, fechou os olhos por uns segundos e soltou-a.

__ Olha... Há casos que uma pessoa que já tem poderes é atacada e tem seus poderes diminuídos, ou até findados, dando o efeito contrário do desejado pelo ser demoníaco... Só que há casos em que os poderes são aumentados e até surgem novos, mantendo os outros. Você Ayumi ganhou uma asa especial, ela é uma junção da asa arcanja e demoníaca, por isso a tonalidade marrom. Ela voa com mais rigidez, com menor risco de quedas e mais velocidade. Seus poderes foram melhorados um pouco e você ganhou essas asas.

Nossa! Nunca pensei em voar pelos céus, mas isso é inacreditável!

Saímos de lá e Lizandra foi logo dizendo:

__ Vou te ensinar como esconder e mostrar suas asas.

Depois de me ensinar, voltei para casa. O que eu achei engraçado foi que quando as asas aparecem as roupas não são rasgadas ou perfuradas, elas meio que atravessam o tecido. Tenho receio de que este novo poder possa mudar minha vida drasticamente.

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Desde que ganhei esse novo poder sinto-me mais confiante e poderosa. Na segunda feira após a aula fui abordada por um garoto alto, musculoso e com rosto maligno.

__ Ayumi, certo?

__ Pois não.

__ Queria poder falar com você em um ambiente mais reservado.

Ele me entregou um papel e uma caneta, e me pediu que anotasse meu celular.

__ Te ligarei para marcarmos ok?

__ Ok.

Noooossaaaaa! Meu primeiro encontro no Brasil com um cara simplesmente incrível! Estou ficando cada vez mais ansiosa por sua ligação. À noite, finalmente ele me ligou.

__ Ayumi, você está ocupada?

__ Não. Estou apenas escrevendo um pouco.

__ Você quer me encontrar naquela praça que fica perto da escola? Não gosto muito de bares. Pode ser?

__ Claro, que horas?

__ Daqui uma hora.

__ Ok, te vejo lá.

__ Até mais.

Coloquei a roupa que melhor me servia, usei uma maquiagem incrível e cheguei lá pontualmente. No momento que o vi percebi que nem seu nome eu sabia.

__ Er... Desculpe, mas não sei o seu nome...

__ Joseph. Escuta Ayumi, queria te perguntar uma coisa...

__ Pode perguntar.

__ Você sofreu alguma mutação com a minha flecha?

Santo Buda! Está brincando que eu me arrumei toda para encontrar o ser que me atacou e ainda pensei em ter algo com ele! O que eu faço agora? O que eu respondo? Devo me fazer de boba e perguntar sobre o que ele fala? Estou perdida!

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Como posso responder isso? Se eu disser que sim o que ele fará? E se eu negar? Optei pela verdade. Com voz tímida falei:

__ Sim.

__ Agora é uma demoníaca?

__ Não, apenas ganhei uma asa especial... mas espera aí, você queria que eu me transformasse em uma demoníaca?

__ Não... Bem, sim, eu queria.

__ Eu nem te conhecia, o que eu te fiz?

__ Você me fez apaixonar por ti.

Pára tudo! Ele nunca falou comigo...! Então... Amor a primeira vista. Suspirei.

__ Desculpe, eu não posso dizer o mesmo.

__ Tinha esperanças de que se você se transformasse em uma demoníaca você me compreenderia.

__ Eu conheço muitos mutantes e o fato de você ser um deles não muda nada! Você não tinha o direito de mudar toda a minha vida dessa maneira!

Estava me sentindo quente, a raiva estava tomando conta. Nesse momento ele me puxou e me abraçou, fechei os olhos, ele disse, ternamente.

__ Tente, por favor, tente.

Eu concordei, senti o seu amor naquele momento, no fim ele é uma boa pessoa. Me despedi, vou contar aos meus amigos tudo o que aconteceu.

12- Fim do Mistério

No outro dia encontrei com todos os meus amigos e comecei a falar.

__ Descobri quem que me atacou.

Lisa arregalou seus olhos azuis e disse.

__ Lizandra!

Lizandra ficou com raiva.

__ Opa! Me tire dessa, não fui eu não!

__ Calma gente, não foi a Lizandra.

Eu ri.

__ Foi um garoto chamado Joseph.

Amy disparou.

__ O professor Joseph?

Como assim? Ele era professor?

__ Tem um professor lindíssimo que dá aula de literatura para o terceiro ano.

__ Como ele é exatamente Amy?

__ Alto, bonito, musculoso... Cabelos cor de mel...

__ É ele mesmo então...

Darien se aproximou.

__ Qual o motivo dele te atacar, já que você não o conhecia?

__ Ele me disse que se apaixonou por mim.

Todos ficaram surpresos, acho que eles não esperavam por isso. Lisa deu um sorriso e disse.

__ Vocês estão namorando?

Por um momento fiz uma cara estranha e disse.

__ Ele apenas me abraçou e me pediu para tentar me apaixonar por ele.

Lizandra me pareceu enciumada. Vou relevar isso, ela é muito estranha. Me despedi e fui para casa. Vou te dizer, nada melhor para aliviar um coração do que desabafar com os amigos.

13- Mas como?

Eram duas horas da madrugada quando meu celular tocou aquela música que sou apaixonada da minha cantora preferida (I remember you da YUI). Dei um salto da cama, meu coração estava quase saindo pela boca quando ouvi a voz do Kennie:

__ O Andy, Ayumi ele...

__ Hã? O que tem ele? Fala Kennie!

Ele estava com voz de choro e eu estava começando a ficar nervosa com aquilo.

__ Ele morreu Ayumi!

Eu dei um grito:

__ O que?!

__ A Amy acordou com um barulho agora à noite, e o viu caído no chão do quarto dele. Ele... Ele... Ele tinha marcas de dentes no pescoço!

Nesse exato momento o mundo parou, era como se tudo estivesse congelado por trinta segundos. Até que eu disse:

__ Vocês não...

__ Não, claro que não, mas vampiros são tão raros!

Eles não podem desconfiar do Darien assim! Está certo que ele não falava muito com o Andy mas nem por isso ele iria matá-lo.

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No outro dia de manhã o corpo de Andy já havia sido cremado, como era o costume dos sereianos. Houve o velório e as cinzas foram postas em um pote que foi colocado dentro do aquário da casa da Amy. Todos estávamos arrasados, inclusive Darien, que era suspeito de fazer aquilo. Lizandra para variar, não estava se importando com o sofrer dos outros, só estava lá para fazer algo naquele dia.

Na saída do velório eu fui até Lizandra e disse:

__ Você tem alguma relação com isso?

Mesmo que ela dissesse que não, eu ignoraria. Ela estava muito fria e às vezes brigava com Andy. Ela me encarou e se aproximou.

__ É claro bobinha!

Detestei o sorriso falso que ela me deu. Pedi explicações.

__ Ele estava me atrapalhando... Apenas o tirei do meu caminho.

Mas com o quê? Ela não ia me falar, e ela sabia muito bem que mesmo se eu contasse ao Kennie ele não iria acreditar. Fiz uma careta e saí. Não tenho mais paciência com as futilidades da Lizandra. Para ser franca, eu nunca vi a Lisa tão arrasada! Ela estava chorando mais que a própria Amy. Tive a nítida impressão que ela tinha algo com o Andy.

Quando cheguei em casa fiquei pensando em qual seria o motivo da Lizandra querer "tirar o Andy do seu caminho". Não cheguei a nenhuma conclusão, mas de uma coisa eu sabia: ela contratou alguém para fazer aquilo. Pobre Andy...

15- Ei! Bom dia!

Achei esse diário na mochila da Ayumi, e sinceramente, nunca vi história mais boba na vida. Se você não sabe sou a Lizandra. Vou deixar aqui uma mensagem para a querida Ayumi.
A Ayumi não para de me perguntar porque eu quis dar um fim no Andy. E o motivo é bem simples: quando ele estava namorando minha irmã ele vivia na nossa casa, e como sempre vivia escutando o que eu falava no telefone.
Num dia infeliz ele simplesmente me ouviu conversar com ... não interessa! Só sei que descobriu todos os meus planos e queria contar tudo à todos. O meu plano é simples: reunir vários demoníacos e fazer com eles ataquem o maior número de pessoas possíveis, fazendo que haja vários mutantes nesse mundo. Assim teremos um lugar ao sol, e sairemos do anonimato. Poderemos finalmente sair voando pelas ruas sem correr o perigo de alguém nos dar um tiro e poderemos confiar que nossos planos não serão mais arruinados por ficarmos escondidos.
Nossa! A Ayumi está chegando, tchau!

16- Mas hein

Obrigada pela invasão Lizandra...

Finalmente entendi o próposito (infantil diga-se de passagem) da Lizandra.

Estava esperando o carro e o Joseph (aquele professor) veio falar comigo:

__ Sinto muito pela morte do seu amigo Andy.

Como as coisas se espalham nessa escola...

__ Se tiver algo que eu possa fazer...

__ Sabe, não tem! Acabei de perder um amigo e você já vem assim? O que tem na cabeça? Eu tenho coração sabia?

Não pude ser educada, ele estava abusando. Ele colocou as mãos para cima, em sinal de rendição.

__ Opa! Calma menina, eu não mordo não.

Mas parece.

__ Não interessa.

Dei as costas e saí sem olhar para trás, estava muito abalada para pensar em qualquer coisa. De tão cansada de andar, já que o carro não chegava, procurei um canto e saí voando mesmo. Até que ser mutante tem seus benefícios.

Sinceramente, não sei o quão alto um vampiro consegue pular, mas encontrei com o Darien na janela do meu quarto. O que ele quer?

17- Agora complicou!

Ele veio se aproximando com aquele olhar intenso, ah meu Deus, isso não vai prestar!
__ Bem, você deveria treinar.
Que tom de voz era aquele? Eu estava esperando algo romântico, galanteador, não tom de conselho.
__ Hã?! - fiz uma cara estranha.- Pra quê?
__ Ora, e se te atacarem de novo querida?
Ah não, ironia nãão!
__ Quero que voe todos os dias, uma vez pelo menos!
__ Não posso ficar saindo a noite, não entende isso?
__ Então, simplesmente vá e volte da escola voando. Aproveite para tomar um ar fresco.
Ele sorriu. Eu desisti.
__ Tá bom, pode ser, mas não é arriscado?
__ Não.
Ele olhou pensativo para a janela e virou-se para mim com aquele olhar intenso, de novo.
__ Na verdade, não vim só para falar isso Ayumi.
Ele suspirou.
__ Melhor não... não falar sobre isso... não é hora...
Eu o agarrei pelo braço, nos olhamos nos olhos e...